segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Celebração Eucarística - Liturgia da Palavra

“Os fiéis têm direito de receber dos Pastores sagrados, dentre os bens espirituais da Igreja, principalmente os auxílios da Palavra de Deus e dos sacramentos.” (CDC Cân. 213)
"A liturgia da palavra é parte integrante das celebrações sacramentais. Para alimentar a fé dos fiéis, os sinais da Palavra de Deus precisam ser valorizados: o livro da palavra (lecionário ou evangeliário), sua veneração (procissão, incenso, luz), o lugar de onde é anunciado (ambão), sua leitura audível e inteligível, a homilia do ministro que prolonga sua proclamação, as respostas da assembleia (aclamações, salmos de meditação, ladainhas, profissão de fé...)." (CIC 1154)

Terminada, pois, a Oração da Coleta concluem-se os ritos iniciais e inicia-se a Liturgia da Palavra. A mesma segue a seguinte ordem: Primeira Leitura, Salmo Responsorial, Segunda Leitura, Aclamação ao Evangelho, Proclamação do Evangelho, Homilia, Oração Universal e Profissão de Fé. Salvo exceção dos dias da semana, cuja ordem anteriormente citada sofre algumas supressões, a saber: durante a semana não se lê a segunda leitura e não se reza a Profissão de Fé. Um dos motivos pelos quais isso acontece é a preservação da solenidade da Eucaristia dominical. Parte integrante da Liturgia da Palavra é o silêncio. Este deve ser observado antes de iniciar a própria Liturgia da Palavra e, após as leituras e homilia, para que nós possamos meditar brevemente sobre tudo que ouvimos.

“A Liturgia da Palavra deve ser celebrada de tal modo que favoreça a meditação; por isso deve ser de todo evitada qualquer pressa que impeça o recolhimento. Integram-na também breves momentos de silêncio, de acordo com assembleia reunida, pelos quais, sob a ação do Espírito Santo, se acolhe no coração a Palavra de Deus e se prepara a resposta pela oração. Convém que tais momentos de silêncio sejam observados, por exemplo, antes de se iniciar a própria Liturgia da Palavra, após a primeira e a segunda leitura, como também após o término da homilia.” (IGMR 56)




PRIMEIRA LEITURA: geralmente é extraída do Antigo Testamento, mas isso não significa que não possa ser retirada do Novo Testamento. Para citar um exemplo, é muito comum observar que no tempo pascal, a primeira leitura é tirada dos Atos dos Apóstolos. Aqui não convém dizer: “A primeira leitura é retirada do [...]” ou “Primeira Leitura [...]” O leitor deve iniciar dizendo: “Leitura do (a) [...]”, proclamá-la e, ao final dizer “Palavra do Senhor”, somente. E não “Estas são Palavras do Senhor”. O povo responde: “Graças a Deus”.

SALMO RESPONSORIAL: vem após a Primeira Leitura e convém que seja cantado, ao menos no que se refere ao refrão do povo. Quando for cantado, o salmista ou cantor do salmo normalmente o faça do ambão ou de outro lugar adequado. O mesmo pode ser lido/cantado de maneira contínua, ou com participação do povo no que se refere ao refrão. “Se o salmo não puder ser cantado, seja recitado do modo mais apto para favorecer a meditação da Palavra de Deus.” (IGMR 61). Assim como as leituras, não é permitido trocar o Salmo Responsorial por outros textos não bíblicos. E não convém dizer: “Em resposta à primeira leitura, meditaremos todos juntos o salmo responsorial” ou, ainda: “Salmo Responsorial [número]” O salmista pode iniciar proclamando/cantando diretamente. Todos os que estão presentes sabem que à primeira leitura segue-se o salmo responsorial.

SEGUNDA LEITURA: é sempre retirada do Novo Testamento e, geralmente, de uma das cartas. Isso seguindo a tradição da Igreja primitiva: reuniam-se e liam a Lei ou os Profetas, depois as cartas dos apóstolos e mais tarde realizavam a fração do pão.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO: “Após a leitura que antecede imediatamente o Evangelho, canta-se o Aleluia ou outro canto estabelecido pelas rubricas, conforme exigir o tempo litúrgico. Tal aclamação constitui um rito ou ação por si mesma, através do qual a assembleia dos fiéis acolhe o Senhor que lhe vai falar no Evangelho, saúda-o e professa sua fé pelo canto. É cantado por todos, de pé, primeiramente pelo grupo de cantores ou cantor, sendo repetido, se for o caso; o versículo, porém, é cantado pelo grupo de cantores ou cantor.” (IGMR 62)
No tempo da Quaresma não se canta o Aleluia, mas sim o versículo antes do Evangelho, que já vem estabelecido no Lecionário.

PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO: Depois da aclamação o sacerdote ou diácono proclama o Evangelho. Todos ficam em pé e voltam-se para o Ambão, demonstrando assim uma especial reverência ao Evangelho de Cristo.

HOMILIA: “Entre as formas de pregação, destaca-se a homilia, que é parte da própria Liturgia e se reserva ao sacerdote ou diácono, nela se devem expor, ao longo do ano litúrgico, a partir do texto sagrado, os mistérios da fé e as normas da vida cristã.” (CDC Cân. 767)

“Recomenda-se vivamente a homilia, como parte da própria liturgia; nela, no decurso do ano litúrgico, são apresentados do texto sagrado, os mistérios da fé e as normas da vida cristã. Nas missas dominicais, porém, e nas festas de preceito, concorridas pelo povo, não se omita a homilia, a não ser por motivo grave.” (Sc 52)

“Que os estudos das Sagradas Páginas seja, portanto, como que a alma da Sagrada Teologia. Da mesma palavra da Sagrada Escritura também se nutre salutarmente a santamente floresce o ministério da palavra, a saber, a pregação pastoral, a catequese e toda a instrução cristã, na qual deve ocupar lugar de destaque a homilia litúrgica.” (CIC 132)

PROFISSÃO DE FÉ: Depois de ouvir a Palavra de Deus e meditá-la em nosso coração, nós somos chamados a responder essa Palavra por meio da Profissão de Fé. Se na homilia nós estávamos sentados, na Profissão de fé nos pomos em pé e fazemos uma breve “síntese” daquilo que nós cremos. Existem, pois, três formas: Símbolo dos Apóstolos, que é o mais breve: “Creio em Deus Pai todo-poderoso...” Ou o Símbolo Niceno-constantinopolitano: “Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso...”. Ambos com fórmula aprovada para uso litúrgico. Convém que seja cantado aos domingos e solenidades. Há também a profissão de fé em forma de diálogo entre o sacerdote e povo. Isto é, o padre faz as perguntas e o povo responde. É muito comum observar essa maneira no ritual do batismo, por exemplo.
Aqui, destacamos um gesto importante que muitas pessoas (deveras muitas!) esquecem-se de fazer: durante Incarnatus (E se encarnou pelo Espírito Santo) todos fazem uma inclinação profunda. Nas solenidades da Anunciação do Senhor e do Natal do Senhor, porém, todos se ajoelham. (cf. IGMR 137). Fazemos isso por ser o mistério da fé: nós não compreendemos, mas acreditamos. Inclinamos ou ajoelhamos em sinal de reverência a este mistério e demonstramos resignação.

ORAÇÃO UNIVERSAL: “Na oração universal ou oração dos fiéis, o povo responde de certo modo à Palavra de Deus acolhida na fé e exercendo a sua função sacerdotal, eleve preces a Deus pela salvação de todos. Convém que normalmente se faça essa oração nas Missas com o povo, de tal sorte que se reze pela Santa Igreja, pelos governantes, pelos que sofrem necessidades, por todos os seres humanos e pela salvação do mundo inteiro.” (IGRM 69). As orações podem ser proferidas pelo diácono, pelo cantor, pelo leitor ou por um fiel leigo.

Com a oração universal conclui-se a Liturgia da Palavra e se inicia a Liturgia Eucarística. É válido e salutar relembrar que ambas estão intimamente ligadas que formam um só ato de culto. Depois de alimentados com a Palavra do Senhor, todos nós seguimos para o Santo Sacrifício, onde nos alimentaremos com o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Pão da vida e o Cálice da salvação.


sábado, 22 de março de 2014

Celebração Eucarística - Ritos Iniciais

Como sabemos, são vários os termos que definem esse conjunto de ritos que é a Santa Missa. Podemos chamá-la também de: Eucaristia, Ceia do Senhor, Assembleia eucarística, Memorial da Paixão e da Ressurreição do Senhor, Santo Sacrifício (Santo Sacrifício da Missa, "sacrifício de louvor", sacrifício espiritual, sacrifício puro e santo), Santa e divina Liturgia (celebração dos Santos Mistérios, Santíssimo Sacramento), Comunhão e Santa Missa. [CIC 1328- 1332].


É necessário e salutar conhecer aquilo que nós vivemos. A Eucaristia é o maior, mais sublime e solene culto de adoração ao Senhor. Somente conhecendo-a bem nós podemos vivê-la com consciência e fazer tudo e somente aquilo que nos compete.

Para ficar mais fácil a compreensão, vamos abordar parte por parte, a começar:


RITOS INICIAIS: Estes abrem a celebração. Têm como função nos introduzir no mistério que vai ser celebrado. Compõem os ritos iniciais: Entrada (Procissão e canto), Saudação ao Altar e ao povo, Ato penitencial, Senhor, tende piedade, Hino de Louvor e Oração da coleta.

1. Entrada: O canto de entrada, assim como todos os cantos, deve transportar o povo à realidade que se vai celebrar. É necessário que sua letra esteja em sintonia com o tempo litúrgico e seja aprovada pela conferência local dos Bispos. Inicia-se o canto de entrada quando o sacerdote e seus ministros iniciam a caminhada processional ao presbitério.

2. Saudação ao Altar e ao povoTerminada a procissão e o canto de entrada, o sacerdote e todos os presentes ministros fazem uma inclinação profunda ao Altar, depois disso, o sacerdote e o diácono beijam o Altar em sinal de veneração ao lugar onde será imolado o Cordeiro. Logo após, o sacerdote faz, junto com a assembléia o sinal da cruz e saúda o povo de Deus.

3. Ato PenitencialSomos pecadores e necessitamos da misericórdia do Senhor. Neste momento, o sacerdote nos convida ao arrependimento dos pecados e depois de breve momento de silêncio toda a comunidade faz uma confissão geral que é terminada com a absolvição sacerdotal. É importante lembrar, contudo, que esta não possui a eficácia do sacramento da reconciliação.

 “Aos domingos, particularmente no tempo pascal, em lugar do ato penitencial de costume, pode-se fazer, por vezes a bênção e aspersão da água em recordação do batismo." (Cf. Missal Romano, 3ª ed. Típica latina, p. 1249-1252)

4. Senhor, tende piedade: É um canto que normalmente é feito por toda comunidade. Trata-se de um pedido de perdão que a assembléia reunida eleva a Deus Pai.

5. Hino de Louvor (Glória a Deus nas alturas): "O Glória é um hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto desse hino não pode ser substituído por outro. Entoado pelo sacerdote ou, se for o caso, pelo cantor ou o grupo de cantores, é cantado por toda assembléia, ou pelo povo que o alterna com o grupo de cantores ou pelo próprio grupo de cantores. Se não for cantado, deve ser recitado por todos juntos ou por dois coros dialogando entre si. É cantado ou recitado aos domingos, exceto do tempo do Advento e da Quaresma, nas solenidades e festas e ainda em celebrações especiais mais solenes." (IGMR 53)

O documento da Conferência dos Bispos do Brasil  “A MÚSICA LITÚRGICA NO BRASIL” do ano de 1998, no número 308 nos diz: “O “Glória” não seja substituído por qualquer hino de louvor ou por paráfrases que o reduzem a simples aclamações às três pessoas da Santíssima Trindade.”  

6. Oração da coletaNeste momento, o sacerdote convida o povo à oração "Oremos" e faz uma breve pausa. Neste intervalo de tempo a assembléia faz silenciosamente seus pedidos a Deus. Esta oração indica a índole da celebração. Terminada, os comunitários respondem: "Amém”.

Com a Oração do dia (coleta) concluem-se os ritos iniciais e todo povo reunido pode sentar-se para iniciar a Liturgia da Palavra.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cadê todo mundo?

"A vida tem fases. Da infância a fase adulta, passamos por estágios, crescemos e alcançamos a maturidade. Através desse caminho, encontramos diversas pessoas que chegam e depois desaparecem como chegaram: de repente. 
Onde estão meus amigos da infância? Aqueles pequenos e inocentes travessos que brincavam comigo, meu primeiro círculo de amizades fora da família. Vários deles devem ter chegado à primeira série comigo. Ali, junto com outras crianças vindas de outras escolas, eu desenvolvi mais um círculo de amizades, que provavelmente estudou comigo até a quarta série. Em quatro anos eu aprendi a reconhecer em quem podia confiar e quem não merecia tanta confiança assim. Aprendi que existem gostos diferentes, vontades diversas.
Ao passar da quinta série, alguns amigos daquele círculo anterior foram embora. Outras escolas, outras cidades e, até mesmo, outros estados. Eu senti a perda, mas fazer o quê!? Prosseguir com a vida e com os estudos. A fase daqueles amigos passou. Quem sabe alguns anos adiante eles serão encontrados novamente. Os anos se passaram, e ao chegar à oitava série eu descobri que muitos são amigos e outros nada têm em comum comigo. E descobri também que mesmo entre os mais próximos eu ainda consigo separar joio de trigo. Há amigos de verdade e amigos por interesse. Acaba o ensino fundamental e fecha-se mais um ciclo de amizades. Quem seguiu adiante, estudando comigo, passou por novas transformações e talvez, ao chegar o final do ensino médio, eu teria deixado de lado algumas pessoas e incluído outras pessoas em meu cículo de amizade. É normal. A fase dos amigos do "colégio" terá passado e outra fase será iniciada. 
Vestibular e faculdade. Ali, poucos amigos do ensino fundamental e do ensino médio estarão presentes. Eles ficaram para trás. Cadê todo mundo? Cada um seguiu seu caminho. Mas todos eles influenciaram na estruturação do mu caráter e da minha personalidade.
Na faculdade, novos círculos de amizade serão formados. Mais competitivos, agressivos e extremamente duros no trato se comparados com os amigos deixados para trás. Ali, aprendemos que precisamos confiar desconfiando, ajudar sem envolver-se em demasia e cobrar o que se acredita ser direito, pois a sociedade exige esse treinamento. É um filtro que reduzirá o círculo de amizades.
Paralelamente a todas essas fases, temos alguns amigos pessoais que vêm da família e da nossa vizinhança. Pessoas que, na dura época da faculdade, tomam uma grande importância, pois diante da dureza do mundo é sempre bom ter pessoas que gostam de nós de forma desinteressada. 
Há também as pessoas com quem trabalhamos, que atualmente não consideramos muito como amigos, mas sim como "colegas". Pessoas que conosco formam um time, um grupo que persegue a meta da empresa. A tensão do convívio é sempre muito maior que o possível prazer da companhia. Fala-se mais dos defeitos do que das qualidades. Mas é um grupo importante.
E, de repente, nos sentimos sozinhos. Com tanta gente ao nosso redor, sentimos que falta algo. É geralmente o apelo pela busca da pessoa que seja a nossa outra "metade". Quando a encontramos, desenvolvemos com ela o mais íntimo círculo de amizade. É alguém em quem podemos confiar e formar uma união de profundo comprometimento. Chegamos ao ponto de amar esse amigo ou essa amiga de tal forma que nos casamos. Assim, mais um círculo é estabelecido em nossa vida. 
Enfim, cadê todo mundo? Onde foram parar as pessoas que compartilharam fases de nossa vida? Onde ficaram escondidos quando mudamos de etapa? Será que conseguimos identificar a colaboração que cada um nos dá durante sua permanência conosco?
Por isso é importante valorizar os amigos em cada momento da vida. Desde os da pré-escola, quando ainda nem sabemos quem eles são, até os amigos do trabalho. Cada um tem o seu valor. Não é possível viver, por exemplo, a grande amizade do casamento valorizando mais os amigos do futebol ou as amigas de longa data. Não é possível cultivar os amigos pessoais valorizando mais os amigos do trabalho.
Os amigos não desparecem; apenas tomam, na vida, rumos diferentes dos nossos. Se negligenciamos, portanto, o valor que cada pessoa tem em nossa vida, talvez eles desapareçam para sempre."

Texto: Kawahala, André & Kawahala, Rita de Cássia B.M 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Celibato sacerdotal

"Quisera que todos os homens fossem como eu. Mas cada um recebe de Deus seu dom particular; um, deste modo; outro, daquele modo." (1Cor 7, 7)

A passagem acima ilustra de forma bem concreta a diversidade de dons que o Senhor concede a cada filho seu. A uns ele concede a vocação matrimonial, a outros a vocação religiosa ou sacerdotal. Antecipação do Reino de Deus, assim podemos definir a vocação religiosa. As pessoas que decidem viver dessa maneira antecipam o céu pois lá viveremos plenamente os conselhos evangélicos, por assim se dizer.

Para começo de conversa, nossos sacerdotes vivem a castidade seguindo o exemplo do próprio Jesus Cristo. E depois, é nosso dever relembrar que a família do sacerdote é a própria comunidade. Por esse motivo, o consagrado ao sacerdócio dá atenção plenária à comunidade, seus "filhos espirituais". O padre é a pessoa escolhida por Deus para acompanhar as suas ovelhas. Prova disso é o exemplo que nós observamos todos os dias: quantos sacerdotes são enviados aos extremos do mundo para anunciar o Evangelho? É válido e salutar relembrar que a decisão é sempre livre e pessoal. O candidato escolhe sua "família". 

"Eu quisera que estivésseis isentos de preocupações. Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar ao Senhor. Quem tem esposa, cuida das coisas do mundo e do modo de agradar à esposa, e fica dividido. Da mesma forma, a mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo; procura como agradar ao marido. Digo-vos isto em vosso próprio interesse, não para vos armar cilada, mas para que façais o que é digno e possais permanecer junto ao Senhor sem distração." (1Cor 7, 32- 35)

A passagem acima nos mostra de maneira clara como se dá a solicitude vocacional em ambos casos: na vocação matrimonial ou sacerdotal. Retornando, no entanto, à vocação sacerdotal, gostaríamos de expor quão bonita é a vocação daqueles que escolhem viver inteiramente para Deus, com toda solicitude e amor ao Evangelho. Para que nós entendamos melhor, faremos uma comparação: um pastor protestante e um sacerdote católico. O pastor protestante, na maioria dos casos é casado, e por esse motivo não pode, mesmo que queira, dar atenção total à sua comunidade. O sacerdote, por outro lado, vive na comunidade. Sua casa é a Igreja e sua família são os comunitários. 

E quanto aos votos que o consagrado faz, é bom relembrar que os mesmos são feitos por vontade própria, não por imposição. Somente se torna um sacerdote aquela pessoa que se sentiu chamada pelo Senhor e generosamente respondeu: "Sim. Eis-me aqui, Senhor!" 

  Jesus acrescentou: "Nem todos são capazes de compreender essa palavra, mas só aqueles a quem é concedido: Com efeito, há eunucos que nasceram assim, do ventre materno. E há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens. E há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem tiver capacidade para compreender, compreenda!" (Mt 19, 11-12)

Vejamos o que nos diz o Catecismo da Igreja Católica acerca da castidade, nº 2349: 

"A castidade há de distinguir as pessoas de acordo com seus diferentes estados de vida: umas na virgindade ou no celibato consagrado, maneira eminente de se dedicar mais facilmente a Deus com um coração indiviso; outras, de maneira como a lei moral determina, conforme forem casados ou celibatários”.

Gostaria ainda de convidá-los à oração. Este é, sem dúvida, o melhor presente que nós podemos dar aos nossos sacerdotes. Que nós possamos agradecê-los pedindo ao Senhor muitas bênçãos para todos eles. É nossa obrigação, enquanto comunidade e povo de Deus rezar por aqueles que trazem o próprio Deus até o nosso coração através da comunhão. Retribuamos tanto amor com gratidão! 



"O Padre é o amor do Coração de Jesus." (São João Maria Vianney)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Santa Igreja: Católica e Apostólica!

Antes de tudo, começamos analisando o nome CATÓLICO. Este termo vem do grego e significa universal. Logo entendemos - e isto é um fato confirmado, é válido e salutar relembrar - que a Igreja está no mundo inteiro. Encontra-se, ainda, nos lugares mais hostis, onde o cristianismo não é aceito. A Igreja é universal a pedido de seu fundador Divino, Jesus Cristo: "E disse-lhes: 'Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura'." (Mc 16, 15). Seguindo o conselho evangélico, os Apóstolos confirmaram com um gesto de obediência o seu pedido: "Ora, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao céu e sentou-se à direita de Deus. E eles saíram a pregar por toda parte, agindo com eles o Senhor, e confirmando a Palavra por meio dos sinais que a acompanhavam." (Mc 16, 19-20).

  
A Igreja é Apostólica pois possui espírito missionário: foi criada por Jesus Cristo e a seu pedido foi e continua sendo, sob a Luz do Espírito Santo, guiada por seus enviados (Apóstolos) até os dias de hoje graças à Sucessão Apostólica, como já nos ficou claro. No entanto, merece ênfase: "De fato, não só se rodearam de vários colaboradores no ministério, mas, para que a missão a eles confiada tivesse continuidade após a sua morte, os apóstolos, como que por testamento, incumbiram os seus cooperadores imediatos de terminar e consolidar a obra por eles começada, recomendando-lhes que atendessem toda a grei, na qual o Espírito Santo os havia estabelecido para apascentarem a Igreja de Deus. (cf. At 20, 28). [Lumen Gentium, 20, parágrafo 2]. Em síntese, a sucessão apostólica garantiu essa autoridade aos nossos Pastores: primeiramente à cabeça do colégio episcopal, o Romano Pontífice e depois aos Bispos espalhados pelo mundo inteiro. Pela imposição das mãos, foi passada essa autoridade que o Espírito Santo conferiu à  sua Igreja e que ainda hoje, depois de dois milênios, continua sendo confirmada. É uma coesão de dois mil anos, é algo realmente magnífico!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Cruz de Cristo Jesus


Na vida de um cristão os símbolos possuem uma força de expressão muito forte. Os símbolos, por si só possuem uma linguagem própria: quando nós vemos uma cruz, automaticamente lembramo-nos de Jesus Cristo e de seu sacrifício redentor. Nós reconhecemos na imagem do crucificado um amor de incomensurável proporção. Mais uma vez, enfatizo: um Sacrifício de puro amor.

Ter nas igrejas uma imagem de Nosso Senhor Jesus Crucificado e nas casas dos fiéis para piedade popular não é afirmar que o mesmo Senhor ainda está morto, como dizem a maioria dos protestantes em suas faláceas. É afirmar, no entanto, que somos cristãos e estamos caminhando no segmento da Cruz de Cristo. E que, como agradecimento contemplamos o seu sacrifício por todos nós. Se estamos vivos, é por causa da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. E a ele, somos muitíssimo gratos.

"Já no primeiro ano de seu pontificado, Bento XVI lutou contra os lobos e defendeu a exposição de crucifixos em locais públicos." (Canal Santa Igreja).

"Pois a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem. Mas, para aqueles que se salvam, para nós, é o poder de Deus." (1Cor 1, 18) 

Já naquele tempo, o Apóstolo São Paulo já desaprovava as pessoas que achavam insensatez a teologia da Cruz. De fato, seguir Jesus requer uma inteligência penetrante: "Sim, teus julgamentos são grandes e difíceis de compreender, é por isso que as almas sem instrução se extraviaram." (Sabedoria 17, 1)

"[...] nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. Mas para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, ele é o Messias, poder de Deus e sabedoria de Deus." (1Cor 1, 23-24)


A cruz faz parte da vida e da identidade do cristão. Não há caminhada sem cruz. Deus não nos oferece uma caminhada terrena somente com momentos fáceis. Ele nos oferece dignidade e por meio das provações nos torna mais fortes e nos prepara para a solene e eterna Liturgia celeste. E de maneira muito fácil de entender, o Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos diz algo muito importante: "O cristão começa suas orações e suas ações pelo sinal da cruz, 'em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.'" [CIC 2166] 


"A Cruz Sagrada seja a minha Luz." (São Bento)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Quaresma- Convertei-vos e crede no Evangelho!

Entender alguma coisa é o primeiro passo essencial para que nós possamos vivê-la. Não se pode amar aquilo que não se conhece, não se pode viver aquilo que não se contempla. Pelo menos não de maneira plena.  Assim como nos demais temas que nos são propostos, entender a Quaresma requer também uma experiência própria na vida cristã e esforço do povo de Deus para vivê-la, por assim dizer. Devemos, pois, viver aquilo que Deus nos oferece, começando a compreender e praticar, eis aí um bom começo. "A liturgia é para viver. Viver as celebrações, os sacramentos, o ano litúrgico." *

A Quaresma se inicia na Quarta-feira de Cinzas, e desta data até a Semana Santa somam-se, ao total, quarenta (40) dias. Podemos começar analisando pelo próprio nome, Quaresma= Quarenta, assim sintetizando de modo bruto. O dia da Quarta de cinzas, como o nome sugere, tem como um dos gestos simbólicos principais a imposição das cinzas na fronte do cristão como sinal de penitência e conversão. "Convertam-se e acreditem na Boa Notícia." (1Mc 1, 15b) é a passagem bíblica que o Sacerdote faz enquanto assinala a fronte do cristão penitente. Bem mais do que um simples gesto simbólico, isso reflete na nossa caminhada e experiência da fé cristã. Isto é, o simbolismo encontra sua plenitude na execução das 'tarefas' que nos são atribuídas nesse tempo forte de conversão. Antigamente, por exemplo, as pessoas vestiam-se de sacos e cobriam-se de cinzas como sinal do mesmo. E algo interessante precisa ser relembrado, o simbolismo das cinzas além dessa realidade acima descrita, nos lembra outro aspecto fundamental relatado no primeiro livro da Bíblia: "Você é pó, e ao pó voltará." (Gn 3, 19b). Isso nos relembra que aqui somos peregrinos e que aqui não ficaremos, em síntese. "Uns e outros vão para o mesmo lugar: vêm do pó, e voltam para o pó." ( Ecl 3, 20).

Outro aspecto importante desse tempo quaresmal é a Campanha da Fraternidade, uma iniciativa na Igreja do Brasil, que este ano tem como foco principal a juventude. Têm-se "Fraternidade e Juventude" como tema e ""Eis-me aqui, envia-me" (Is 6,8)" como lema. É a preocupação da Igreja universal com todos os seus filhos, e neste ano, especialmente  com os mais jovens. Este assunto porém, merece ser explanado mais tarde com mais riqueza de detalhes. Por hora, pelo menos, falaremos sobre a Quaresma e seus fatores gerais. 

A Igreja, sustentada pela infalibilidade concedida pelo Divino Espírito Santo nos recomenda que neste tempo nós intensifiquemos a prática de oração, penitência e caridade. Ao ponto que nós vivamos o sentido batismal e reflitamos sobre o que é ser cristão. Cada uma dessas práticas, com sua demasiada importância contribuem para que nós possamos viver bem este tempo. Ou seja, cada uma se caracteriza como sendo o ápice da outra. Devemos fazê-las 'de coração' observando o que cada uma propõe. Isto é, não adianta praticar a caridade somente por praticar, por exemplo, sendo assim ela seria vazia. Não devemos, ainda, fazê-la com o intuito de mostrar aos outros que estamos fazendo, como faziam os hipócritas. A passagem do Evangelho abaixo não precisa de explicação, vejamos: 
"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. 
Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens.Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens.Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Ao contrário, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando.Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa.Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”. (Mt 6,1-6.16-18)

Viver a Quaresma, no entanto, "não é fazer coisas grandiosas. É estabelecer esse contato com Deus (Oração). A penitência tem como finalidade o nosso próprio fortalecimento. Isto é, que nós fiquemos fortes para dominar o pecado. O jejum do coração, precisa ser simples e humilde. E a caridade é o mandamento novo, o mandamento do amor. O fruto da caridade é o fruto do meu jejum, da minha oração."*

Resumindo bastante, podemos entender a Quaresma como tempo de preparação para a Páscoa de Jesus. Todas estas práticas que nos são aconselhadas são para preparar o nosso coração e a nossa alma para a grande festa da Ressurreição de Jesus, passagem da morte para a vida. Nos preparamos pois o próprio Cristo se preparou, jejuando e orando, durante esses quarenta dias no deserto. E que nessa Quaresma, nós vivamos plenamente seus significados e tenhamos sempre perseverança para continuar na caminhada!




* - Frei Santigado Sánches, formação litúrgica.